sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A França tem a capacidade de produzir muitos grandes vinhos e é única no mundo


16 de dezembro de 2011,

Vinhos franceses ainda são os melhores do mundo, na França, existe a maior concentração de grandes vinhos. Em todo o mundo, existem outros vinhos de alta qualidade, ainda melhor que a nossa. Mas, na França, existe uma grande variedade, única no mundo.

Então, vamos comparar o que é comparável. Muitas vezes ouvimos sobre o Julgamento de Paris [em 1976, um vinho da Califórnia ganhou uma competição antes do vinho francês], degustações ou outros de sua espécie ainda famosos. Mas, como sempre, você deve especificar em que circunstâncias as degustações foram realizadas, como os vinhos foram julgados ... Isso relativiza os resultados sempre. O que estou certo é que ainda somos capazes de produzir grandes vinhos, e mais importante, temos a capacidade de produzir muitos grandes vinhos históricos. Sempre podemos encontrar vinhos que rivalizam com os vinhos franceses, mas um país estrangeiro nunca vai produzir tantos grandes vinhos como na França.

Para retornar ao gosto chinês, você deve saber que os chineses estão fazendo isso há muito tempo. Dez anos atrás eu fui convidado pela primeira vez pela Associação dos produtores chineses, que queriam seus vinhos de referência contra os vinhos internacionais da França, dos Estados Unidos, Itália ou Espanha. Descobri então que os vinhos chineses estavam ainda suficientemente longe em termos de qualidade, mas alguns tinham grande potencial. Além disso, há dez anos, eu já tinha visto o "Grace Vineyard Reserva do presidente", que ganhou a competição anteontem [quarta-feira 14 dezembro]. Existem hoje muitos franceses na China, que estudaram em Bordeaux.

Eu não estou preocupado com os vinhos. Mas cuidado! Quando somos líderes, temos de ficar, e não descansar sobre os louros.

Philippe Faure-Brac
Sommelier, meilleur sommelier du monde en 1992

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Uso do resveratrol auxilia na obesidade e melhoria do metabolismo: Xô gordura!







A notícia que todos os amantes do vinho esperavam, principalmente os obesos.


Quando os homens obesos tomam uma dose relativamente pequena de resveratrol, (um composto natural e um ingrediente chave do vinho tinto, na forma pura) todos os dias, durante um mês, seus metabolismos mudaram para melhor. Na verdade, os efeitos parecem ser tão bons para nós, como a restrição calórica.


Ensaios clínicos utilizando vinho tinto demostraram melhoria da saúde metabólica.

“Vimos um monte de pequenos efeitos, mas de forma consistente apontando em uma direção de melhora da saúde metabólica”, disse Patrick Schrauwen da Universidade de Maastricht, na Holanda.

As descobertas na edição de novembro da Revista Célula de Cell Metabolism, são os primeiros a relatar os efeitos clínicos de resveratrol.
Estudos anteriores em animais mostraram que o resveratrol alivia a resistência à insulina e protege contra os efeitos nocivos de uma dieta rica em gordura, entre outros benefícios, explicou. Os efeitos são comparáveis ​​ao que acontece quando animais ou seres humanos restringem significativamente o número de calorias que consomem, em um plano de dieta mostrado para retardar o aparecimento de doenças relacionadas à idade. Ainda assim, nenhum estudo tinha sistematicamente examinado os efeitos metabólicos do resveratrol em humanos.

Para preencher essa lacuna, os pesquisadores deram a 11 homens obesos, mas saudáveis, ​​um suplemento dietético que continha 150 miligramas sendo 99 por cento de trans-resveratrol puro, por 30 dias. Após, mediram a quantidade de energia que gastavam, e a quantidade de gordura que eles estavam armazenando, constatando-se uma queima de gordura muito grande.

Os dados mostram que, com a restrição calórica, e com os suplementos de resveratrol, tudo isso reflete num menor gasto energético e as medidas do metabolismo e da saúde em geral. Essas mudanças incluem uma menor taxa metabólica, menos gordura no fígado, níveis mais baixos de açúcar no sangue e uma queda na pressão arterial. Os participantes do estudo também tiveram mudanças na forma como os seus músculos queimavam a gordura.

Fonte: www.medindia.net/news

Por VInho dos Anjos

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Top 100 da Wine Espectator

Bem, demorei um pouco para escrever sobre este assunto, pois esperava para saber se seria o único. Ao que parece, serei: A mim parece estranho, ou, no mínimo,desconfiável, que uma publicação norte-americana, com "juízes" norte-americanos, tenha domínio sobre a opinião e eleição dos 100 melhores vinhos do mundo. Alguem que tenha lido a revista dos "top 100" atentou para o detalhe que dentre os "10 melhores" estão 40% de vinhos norte-americanos? Que dentre os 50 primeiros rankeados, 27, ou seja, 54% dos vinhos é de produção norte-americana? Ou ainda, que dentre os 100 rankeados, segundo a revista, representando 12 países, os EUA detém 41 rótulos, ou seja, 41% do ranking é de vinhos norte-americanos, sobrando aos demais países uma média de 5,36 rótulos para representar cada país restante.
Um dos motivos que me deixa intrigado é a quantidade de regiões produtoras de cada país. Quantas regiões produtoras existem na França, Itália, Espanha ou Portugal, com suas diversidades de castas, climas, tipos de vinho, etc? Isso me leva a questionar: só os Estados Unidos tem vinhos de qualidade para representar os melhores do mundo, com suas poucas regiões produtoras e pouquíssimas variedades de uvas? A dúvida que me surge é se a revista é tendenciosa com os vinhos compatriotas ou não(afinal estão em crise e algo precisa vender), ou os vinhos do resto do mundo não têm realmente qualidade para competir com os norte-americanos.
O vinho que encabeça a lista, é um pinot noir da Kosta Browne(que conste, nada contra), que sequer podia ser provado no resto do mundo, pois seus produtores não exportavam até pouco tempo atrás. Só exportam, de um ou dois anos para cá, para Dinamarca, Suécia e Japão. Temos que engolir realmente o gosto destes "juízes"? Sempre decidimos nossas compras e opiniões baseado em notas, comentários e destaques de pessoas que não conhecemos ou sequer sabemos se são idôneas ou se vendem espaço e opinião em suas colunas. Não poderíamos permitir que nosso gosto, clima, ambiente e até nossa produção nacional nos direcionasse um "brazilian top 100" feito, obviamente, por cem opiniões e não por cem vinhos nacionais e por gente que não venda suas opiniões e colunas(raridade)? Já engatinhamos há muito tempo neste mercado e está na hora de andarmos com nossas pernas, já que compramos e bebemos os melhores do mundo(segundo a história e não segundo a Wine Espectator). É isso.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

"Miolo concretiza fusão de suas empresas"

Revista Vinícola 01/11
"O Grupo Miolo concluiu a operação de fusão iniciada em outubro de 2009, a partir da aquisição conjunta da Vinícola Almadén com as famílias Randon e Lovara. A empresa anuncia a criação da Miolo Wines S/A, que será a controladora de todos os empreendimentos do grupo, reunindo participações das famílias Miolo, Randon e Benedetti/Tecchio.
O grupo, de capital fechado, integrará quatro empresas de produção em três regiões brasileiras: Vinícola Miolo (Vale dos Vinhedos/RS), Projeto Seival Estate e Vinícola Almadén (Campanha/RS) e Vinícola Ouro Verde (Vale do São Francisco/BA), além da comercializadora Miolo Wine Group.
A família Miolo permanece com o controle acionário do grupo e passa a contar com sócios com experiência muito sólida no mundo empresarial. A família Randon e a Lovara ingressam como importantes sócios estratégicos. Raul Randon é o fundador das empresas Randon, grupo classificado entre os mais importantes no setor de transporte para cargas terrestres, também atuante nos segmentos de autopeças e sistemas automotivos, além dos serviços de consórcio e banco. A Lovara, de propriedade das famílias Benedetti/Tecchio, é parceira da Miolo de longa data, desde a aquisição da Vinícola Ouro Verde, no ano 2000. A relação com a família Randon também já é antiga, a partir da elaboração do vinho RAR, iniciada em conjunto com a Miolo em 2002."

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Vinho barato pode ser um vinho bom?

Reportagem da revista Bon Vivant:

Estar diante de uma grande diversidade de vinhos, de diferentes origens e preços, é sempre uma desafio para quem quer comprar e acertar na relação qualidade e preço. Foi isso que a Confraria Bon Vivant propôs a seus membros na degustação desta edição. E, para tanto, não buscamos profissionais em elaboração ou avaliação de vinhos como enólogos ou sommeliers, mas jornalistas e consumidores que tiveram o desafio de provar, às cegas, 17 vinhos nacionais e estrangeiros comprados no mercado por menos de R$ 15. A degustação aconteceu em Porto Alegre, na Escola do Vinho da Miolo.


Compramos os produtos em dois hipermercados (Zaffari e Big) de Caxias do Sul – RS, na Serra Gaúcha, escolhendo pelo rótulo, variedade e preço. Entre os escolhidos deveriam estar tintos brasileiros e importados. Tivemos o cuidado de não incluir rótulos estrangeiros que produzem vinhos demi-sec – com médio teor de açúcar – e só informam no contra-rótulo. No carrinho do supermercado organizamos vinhos brazucas, uruguaios, chilenos, argentinos, portugueses e um francês. O mais barato custou R$ 9,50 e, o mais caro, R$ 14,98.


Resultados
Os resultados desta experiência segundo nossos convidados: os vinhos nesta faixa de preço não apresentam grandes diferenças entre si. Não possuem defeitos, mas também não têm grandes atributos. Além disso, há ausência de tipicidade em grande parte das amostras, ou seja, um Merlot pode ser confundido com um Cabernet Sauvignon e vice-versa. Diante desses resultados, fica a pergunta: é possível fazer um vinho bom e barato? É possível elaborar um vinho honesto, sem exagerar na tecnologia, o qual seja possível bebê-lo no dia a dia e sentir prazer?



Os degustadores
Bianka Nieckel – jornalista
Guilherme Franczak – Enófilo e advogado
Irineu Guarnier Filho - jornalista
Ivo Czamanski - cineasta
José Armando Paschoal - publicitário
Jorge Franco - jornalista
Maria Amélia Duarte Flores - enóloga
Mauricio Rolloff - jornalista
Marcelo Drago - jornalista
Rafael Barcelos - marketing e eventos

Tabela de notas
Um excelente vinho: de 90 a 100 pontos
Um vinho muito bom: de 85 a 89 pontos
Um vinho bom: de 80 a 84 pontos
Um vinho razoável: de 70 a 79 pontos


Vinho bom x vinho barato
É possível fazer um vinho bom e barato? Um vinho honesto, o qual seja possível bebê-lo no dia a dia e sentir prazer? A pergunta foi feita a especialistas em enologia. Segundo eles, sim, um vinho pode ser bom e barato, mas é fundamental que o vitivinicultor invista na qualidade da matéria-prima. Se a uva é de qualidade pode-se obter um vinho bem feito, sem defeitos tecnológicos. No entanto, o que acontece, muitas vezes, é que quando a uva não tem tanta qualidade faz-se uso de mais tecnologia do que enologia no vinho. Por exemplo, se não tem muita cor mistura-se outro vinho, um pouco mais intenso em cor, mesmo que não seja muito bom. Se o vinho for áspero, tânico, amargo no final de boca, acrescenta-se açúcar dentro do limite legal, obtendo-se um vinho adocicado. Assim, tem-se um vinho barato cuja qualidade pode não ser o seu forte. Sobre falta de tipicidade: a legislação permite que um vinho varietal seja feito com uma mistura de outros vinhos. Por exemplo, num Merlot pode-se adicionar até ¼ em volume de outro vinho e mesmo assim chamá-lo de Merlot. Assim, perde-se a tipicidade do produto.


Também é possível oferecer um produto bom e barato quando o vinicultor tem uma produção limitada e não invista em insumos que encareçam o vinho, como, por exemplo, rolhas e cápsulas de qualidade. Também não deve ter muitos investimentos em tecnologia, pois tudo isso, somado aos altos impostos no Brasil, encarece o vinho.


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Câmara Cascudo e a história da alimentação

7 de outubro de 2011|


Por Janaina Fidalgo

A partir da próxima sexta-feira, o Sesc Carmo receberá chefs e professores de gastronomia, em oito encontros, para falar dos aspectos históricos, culturais e sociais descritos por Câmara Cascudo em História da Alimentação no Brasil.

Pitadas de Sabores e Alimentos do Brasil começa com a chef Carla Pernambuco, do Carlota, que na próxima quinta (dia 14), às 19h, fará um prato com ingredientes das cozinhas indígena, portuguesa e africana. Depois, a programação segue, na outra quinta (dia 20), às 19h, com o Banquete dos Orixás. Tereza Paim, do Terreiro Bahia, fará um prato com azeite de dendê e outros ingredientes de origem africana. No mesmo dia, o sociólogo Reginaldo Prandi falará sobre as influências africanas na alimentação brasileira.

Na semana seguinte, dia 27, às 19h, o professor da Universidade Anhembi-Morumbi Ricardo Maranhão dará uma palestra sobre as influências indígenas na alimentação brasileira, em Caciques do Brasil. Em novembro (dia 3), às 19h, a historiadora Wanessa Asfora discute a influência dos alimentos portugueses no Brasil. Dia 10, a programação com uma aula sobre alimentos populares dada pela antropóloga Paula Pinto e Silva, autora de Farinha, Feijão e Carne Seca – Um Tripé Culinário no Brasil Colonial. No mesmo dia, Rodrigo Oliveira, do Mocotó, prepara um prato com farinha, feijão e carne-seca.

A programação, que segue até o dia 1º de dezembro, tem ainda uma exposição sobre as viagens de Cascudo, uma mostra fotográfica com pratos da cozinha brasileira e intervenções musicais.

Pitadas de Sabores e Alimentos do Brasil – Homenagem a Câmara Cascudo
Sesc Carmo (R. do Carmo, 147, 3111-7000), de 14/10 a 1º/12

A primeira D.O. do Brasil

Por sommelierprofissional (Alexandra Corvo)

Abaixo reproduzo o texto oficial para a DO Vale dos Vinhedos.
Abaixo o mapa da região, com a D O em cor rosa. Depois, o mapa da região demarcada.





Produção vitícola:
- As uvas deverão ser totalmente produzidas na região delimitada pela I.G. e conduzidas em espaldeira. - A irrigação e o cultivo protegido não são autorizados. A colheita é feita manualmente.

Cultivares autorizadas:
- Tintas: Merlot, como cultivar emblemática e Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Tannat como variedades complementares.
- Brancas: Chardonnay como cultivar principal e Riesling Itálico como variedade complementar.
- Para espumantes (brancos e rosados): Chardonnay e/ou Pinot Noir como variedades principais e Riesling Itálico como variedade auxiliar

Limites de produtividade:
- Para uvas tintas: 10 toneladas/ha ou 2,5 kg de uva por planta.
- Para uvas brancas: 10 toneladas/ha ou 3 kg de uva por planta.
- Para uvas a serem utilizadas na elaboração de espumantes: 12 toneladas/ha ou 4 kg de uva por planta.

Produtos autorizados:
Vinhos tintos
- Varietal Merlot: Mínimo de 85% da variedade.
- Assemblage Tinto: Mínimo de 60% de Merlot, podendo ser complementado pelas demais variedades autorizadas (Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Tannat).
- A comercialização somente poderá ser realizada após um período de 12 meses de envelhecimento.
Vinhos Brancos
- Varietal Chardonnay: Mínimo de 85% da variedade.
- Assemblage Branco: Mínimo de 60% de Chardonnay, podendo ser complementado por Riesling Itálico.
- A comercialização somente poderá ser realizada após um período de seis meses de envelhecimento.
Espumantes
- Base Espumante: Mínimo de 60% de Chardonnay e/ou Pinot Noir, podendo ser complementado por Riesling Itálico.
- Elaboração somente pelo Método Tradicional (champenoise).
- O processo de tomada de espuma deverá durar no mínimo nove meses.
No rótulo deve constar os termos” brut” ( até 15 g/l açúcar) ; extra-brut (até 5 g/l ) e os nature (zero g/l açúcar)

Outras normas:
- A chaptalização e a concentração dos mostos não serão permitidas.Em anos excepcionais o Conselho Regulador da Aprovale poderá permitir o enriquecimento em até um grau.
- Poderá haver a passagem dos vinhos por barris de carvalho, não sendo autorizados “chips”e lascas ou pedaços de madeira.

Processo de rastreabilidade:
A Aprovale possui um Conselho Regulador responsável pelo regulamento de uso da Indicação Geográfica do Vale dos Vinhedos. Cabe a este conselho fazer o controle e fiscalização dos padrões exigidos pela normativa da atual I.P. e da futura D.O.
O Conselho Regulador mantém cadastro atualizado das vinícolas solicitantes da certificação e utiliza informações do Cadastro Vitícola do Ministério da Agricultura, coordenado pela Embrapa Uva e Vinho, para determinar a origem da matéria-prima.
Para controle da certificação são utilizadas as declarações de colheita de uva e de produtos elaborados, a partir das quais retira as amostras para análises físico-químicas, organolépticas e testemunhais. Estas amostras são lacradas e codificadas. Essa sistemática permite a rastreabilidade dos produtos.

Padrões de identidade:
Os produtos somente recebem o certificado após comprovada a origem da matéria-prima. 100% da uva deve ser procedente da área demarcada. Os vinhos também precisam ser aprovados nas análises físico-químicas e na avaliação sensorial (degustação às cegas), realizada pelo Comitê de Degustação, composto por técnicos da Embrapa, associados da Aprovale e da Associação Brasileira de Enologia.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Vinho e mulheres - SAÚDE

Do UOL Ciência e Saúde
03/10/2011
Substância encontrada no vinho tinto teria capacidade de acabar com câncer de mama, aponta estudo.


A pesquisa descobriu que o crescimento de células de câncer de mama era reduzido quando eram tratadas com o ingrediente natural

A pesquisa descobriu que o crescimento de células de câncer de mama era reduzido quando eram tratadas com o ingrediente natural

Uma substância química encontrada no vinho tinto pode parar o câncer de mama, de acordo com uma nova pesquisa. Os testes em laboratório mostraram que o resveratrol, encontrado na casca da uva, poderia impedir o desenvolvimento da doença, bloqueando os efeitos do hormônio estrógeno.

Os cientistas disseram que a descoberta, publicada na revista Faseb, tem importantes implicações para o tratamento de pacientes. Sebastiano Ando, da Universidade de Calabria, na Itália, afirma: "Resveratrol é um potencial fármaco que pode ser explorado quando o câncer de mama se torna resistente à terapia hormonal."

A substância química também é encontrada em blueberries, amendoins e cranberries.

O resveratrol bloqueia o caminho do estrogênio ao combinar com o DNA no corpo da mulher para espalhar células tumorais, transformando-as em malignas.

A pesquisa descobriu que o crescimento de células de câncer de mama era reduzido drasticamente quando eram tratadas com o ingrediente natural, enquanto nenhuma alteração foi observada nas células que não foram tratadas.

Outros experimentos revelaram que o efeito estava relacionado a uma redução nos níveis de receptor de estrogênio causada pelo próprio resveratrol.

Ainda que a descoberta possa ajudar muitas pessoas, o médico e editor-chefe da revista Faseb, Gerald Weissman, aponta que de maneira alguma as pessoas devem sair e começar a usar vinho tinto ou outros suplementos para tratar o câncer de mama.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Mais de 40 comunas de Beaujolais perderam o direito de rotular seus vinhos como de Borgonha

Revista ADEGA 5/Outubro/2011

Depois de um processo de três anos, o INAO, corpo que controla as denominações de origem da França, decidiu no último dia 28 redesenhar as zonas geográficas do país. Com isso, quarenta e três comunas da região de Beaujolais perderam o direito de chamar seus vinhos brancos de AOC Bourgogne Blanc, e em vez disso, usarão AOC Beaujolais Blanc, denominação mais básica usada por 2% dos vinhos.
Apesar dos produtores de Beaujolais terem tido o direito de rotular seus vinhos como de Borgonha desde 1937, isso tem sido uma forte disputa entre as duas regiões.
Os vinicultores de Borgonha têm feito campanhas para restrições mais severas, particularmente com a produção de vinho branco.
AOC Bourgogne Aligote ainda existe como uma denominação, e duas novas foram criadas: AOC Coteaux Bourguignon e AOC Bourgogne Gamay.
O INAO baseou suas decisões em comunas que deveriam ser incluídas em razão do terroir e da longevidade. Vilarejos de renome como Fleurie e Morgon não foram afetados.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Baixa na Adega

AMAYNA PINOT NOIR 2007

Para quem ainda não sabe, a Pinot Noir é de origem francesa e tem na Bourgogne a sua mais famosa e, na minha humilde opinião, mais elegante apresentação, embora outros países e regiões a produzam de forma muito honesta e com boa relação custo/benefício.

Assim vejo alguns Pinots dos EUA e da Patagônia argentina (gosto muito do Pinot das Bodegas Del Fin Del Mundo), mas hoje falaremos do presente que tomei da minha adega e foi uma surpresa muito boa: Amayna Pinot Noir 2007, da Viña Garcés Silva, localizada do Vale Leyda – Chile.
Não vou me estender em um monte de tratados técnicos. Para começar, ele não apresenta a mineralidade dos borgonheses, tendo muita fruta sobremadura, algo de compota de ameixas no final da boca, boa persistência e uma elegância dignas da Pinot. Seus 14,5° de álcool oferecem muita estrutura aos seus taninos macios dando um toque aveludado na entrada.

Somando sua estrutura, persistência, quantidade de álcool e taninos e elegância, sem dúvidas é um vinho para acompanhar carnes com sabores fortes, grelhadas e ou com molhos densos, assados ou um bom ragú de carne.

Quaisquer informações extras que queiram sobre a uva, regiões ou harmonizações, postem um comentário que ficarei feliz em responder.
Obrigado e aproveitem.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O voraz mercado americano de vinhos

CARLOS PIRES DE MIRANDA (jornal do comércio)




Faz tempo, mas quem já passou dos 40 anos deve se lembrar daquelas garrafas azuis, contendo vinhos adocicados, que tanto sucesso fizeram em grandes capitais brasileiras, especialmente ao longo das décadas de 1980 e 1990. O tema mereceu crônicas nesta seção, com registros e fotos do produto, hoje definitivamente sacado das linhas de grandes vinícolas brasileiras. Quem quiser ler pode pedir o texto ao e-mail do colunista.
Pois em duas ensolaradas e calorentas semanas que acabo de cumprir entre West Palm Beach e Naples, lindas praias no Leste e no Oeste da Flórida, reencontrei em supermercados da rede Publix aquelas velhas conhecidas, como mote de lançamento e sustentação de uma ampla linha de Riesling, voltada especialmente ao mercado americano. Senti-me na obrigação de fotografar as famosas azuis em nova fase e o resultado está logo acima (à direita na foto).

Vamos combinar que há bons brancos alemães em garrafas comuns. Mas se o marketing da garrafa azul vingou no Brasil há mais de 20 anos, parece que agora ocorre tentativa semelhante nos Estados Unidos. A Schmitt Sohne é uma grande importadora de vinhos do Mosel, que os distribui em vários estados americanos. As garrafas azuis são sua marca registrada - nada menos do que quatro rótulos de Riesling alemão são nelas comercializados. Tem Qualitatiswein, Kabinett, Spatlese e Auslese, ao custo médio de US$ 9,99 cada.
Esse mesmo preço é atribuído ao Marcus James, mas não se trata do conhecido vinho da Aurora. A vinícola brasileira deixou de fornecer o produto aos americanos há 15 anos e mantém os direitos da marca no Brasil - no exterior eles pertencem à Constellation, empresa que encomenda esse Cabernet Sauvignon (ao centro da foto) a produtores argentinos.

Bem à esquerda da foto, o mais baratinho desses vinhos: o Merlot Frontera, produzido pela Concha y Toro, está nas gôndolas dos supermercados americanos por modestos US$ 12,00 - quem pagar essa quantia, equivalente a menos de R$ 20,00, leva duas garrafas, um litro e meio de vinho chileno.
Não provei nenhum desses vinhos (precisava?), mas eles servem de amostra da peculiaridade do mercado americano, onde os preços de bons californianos superam o de famosos rótulos europeus e onde o grau de exigência do consumidor médio não difere muito do que se vê no Brasil. Com uma diferença: lá, eles aprenderam a valorizar bons vinhos nacionais. Aqui, vamos tentando.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Mais um crítico internacional elogia vinhos brasileiros!




A próxima edição do Atlas do Vinho, de Jancis Robinson, é aguardada com expectativa pelos vinicultores brasileiros. Isso porque sua grande colaboradora Julia Harding esteve no Brasil este ano e degustou cerca de 120 vinhos, alguns com notas surpreendentes.

Julia fez questão de ressaltar a qualidade crescente dos vinhos brasileiros, mesmo daqueles mais baratos. Ela, como tantos outros críticos, ressaltou a qualidade dos espumantes nacionais, mas elogiou a fruta e a moderação no teor alcoólico dos tintos. Ela se surpreendeu porque dentre os 120 vinhos não havia nenhum com defeito ou problema grave.

Dentre as variedades mais apreciadas por Julia, estavam Cabernets Francs, Tannats, Cabernets Sauvignons e Merlots, pela ordem. Aqui importante ressaltar que o Brasil tem condições de produzir várias castas, e não uma só, como muitos pretendem, dando enfoque a Merlot como vinho típico brasileiro, o que a nosso ver seria um grande erro. A própria Julia frisou que há muito Merlot no mercado, e que gostaria de ver produção de outras castas, como as citadas.

Dentre os espumantes, destacou aqueles produzidos no método charmat e os moscatéis, segundo ela, melhores que muitos Asti italianos.
Dos brancos, ela afirmou ter degustado poucos exemplares para emitir opinião, mas gostou daqueles produzidos na Serra Catarinense.

As notas podem ser conferidas no site www.jancisrobinson.com

Do Blog: Confraria da Fórmula1

Itália supera a França como o maior produtor de vinhos do mundo

Folha de SP


Na última safra, foram produzidos 4,96 bilhões de litros de vinho italiano, contra 4,62 bilhões de litros na França. Enquanto a Itália se manteve estável, a produção francesa apresentou queda em relação ao ano anterior.
Em relação ao prosecco (versão italiana para o champanhe francês), a produção também cresceu, com 420 milhões de litros, contra 400 milhões do vizinho europeu.

Os tipos de bebida de origem controlada na Itália, mais de 500, também superou a quantidade na França. O solo italiano tem, ainda, o maior número de vinhedos.

Segundo especialistas, a hegemonia italiana se deve ao clima, ao investimento em tecnologia e à geografia.

Os dois países produtores se mantêm bem à frente do terceiro colocado, a Espanha. O quarto lugar fica com os Estados Unidos.

As exportações na Itália também cresceram 15% em relação a 2009. O país exporta quase o dobro da França, mas fatura 20% a menos em suas exportações.

Os Estados Unidos são os maiores importadores mundiais da bebida e, desde 2002, compram da Itália. O segundo maior mercado é a Alemanha. A Inglaterra compra cerca de 12% do vinho italiano e é o terceiro maior importador mundial. A China também figurou no estudo como um grande mercado.

BRASIL

O mercado brasileiro está bem distante dos primeiros colocados mundiais, tanto em relação ao consumo como em relação a exportações.

No Brasil, o consumo de vinho por pessoa, em 2010, foi de 1,61 litros. O país fica atrás do Vaticano (70,22), da França (45,23), da Argentina (25,16) e do Chile (13,85).

Segundo a Uvibra (União Brasileira de Vitivinicultura), foram exportados no ano passado 1,28 milhões de litros, no valor de US$ 2,29 milhões. Os espumantes, em menor volume, apresentaram aumento de 68,42% na quantidade e 284,73% no valor das exportações.

Houve aumento de 26,48% e 26,46% na quantidade e no valor das importações, respectivamente. No mesmo ano, foram importados 75,05 milhões de litros de vinhos finos, o que representa mais de 75% do vinho fino comercializado no Brasil.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Jamie Oliver serve Miolo no Fifteen

terça-feira, 14 de junho de 2011


O chef, apresentador e empresário inglês Jamie Oliver inclui alguns rótulos da Miolo na carta de vinhos do seu badalado restaurante Fifteen, em Londres. O Lote 43, ícone da Miolo, abriu as portas, já que é servido na casa desde o ano passado.


Agora, mais três rótulos foram incluídos na carta de vinhos do Fifteen: Miolo Reserva Pinot Noir (foto), Miolo Merlot Terroir e Millésime. A Miolo é a única representante brasileira na carta de vinhos do Fifteen. O restaurante foi fundado em 2002 por Jamie Oliver, com a proposta de profissionalizar jovens ingleses pelo Programa Aprendiz. NO cardápio, culinária italiana comprometida com a qualidade e origem dos produtos em um ambiente arrojado, moderno e divertido. O Fifteen tem filiais em Cornwall, no sudoeste da Inglaterra, e em Amsterdam.

Pelo jornalista Rodrigo Leitão

Primeiro vinho totalmente orgânico é batizado na França

Midi Libre terça, 14 de junho
A DOMAZAN, Chateau du Bosc, batizou um vinho sem sulfitos



Como transformar o suco de uva em vinho, sem adição de sulfitos? É um mistério que aos poucos os vinicultores estão tentando resolver. E entre eles, William Reynolds, que opera os doze hectares do Chateau Bosc, para Domazan, bio-conversão de três anos. "Quinze viticultores na França e apenas dois ou três na área sabem fazer", disse Claude Reynaud, que entregou a seu filho a liderança do campo.

"A natureza não sabe como fazer o vinho", resume. Suco de uva se transforma inexoravelmente em vinagre. Adicionar doses baixas de sulfitos pode parar este processo e obter o vinho ". É por isso que nunca falamos sobre vinhos orgânicos, mas vinho produzido a partir da agricultura orgânica. Porque, se os solos são cultivados sem agrotóxicos ou fertilizantes, ainda têm os malditos sulfitos. Assim, como você produz o vinho sem aditivos químicos? "É um longo e complexo trabalho através de filtrações e temperatura", esclarece o produtor, que não revela todos os seus segredos.

"Eu até achava que era impossível e aqui está ele, o primeiro cuveé, chamado Artemis, está na garrafa". Um vintage ainda confidencial, "vinho de garagem, como eles dizem, produzido em pequenas quantidades, que foi nomeado sábado 11 de junho às 19 horas, no campo Bosc, por Philippe Desbrosses, o pioneiro da agricultura biológica na Europa.

Vendido apenas na adega, o vinho mantém a sua promessa de sabor fino, frutado, talvez um pouco mais. "Esses vinhos naturais são uma demanda do consumidor e para nós, produzir mais saudáveis e verdadeiros é primordial. Estes vinhos são o futuro", diz Claude Reynaud. Por enquanto, eles representam apenas 10% do castelo. "Este vinho é longo e complexo para a fabricação. Ele funciona sem uma rede, por isso, pode virar, a qualquer momento, vinagre." No próximo ano, quando o campo ganhar o rótulo “Agricultura Biológica” (AB), provavelmente será um dos poucos a oferecer um vinho totalmente orgânico.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Audiência discute situação dos produtores de vinho artesanal


A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural promove nesta tarde conferência para discutir a situação dos pequenos agricultores familiares produtores de vinho artesanal ou colonial. O debate também vai tratar da produção, da legislação e da tributação do setor.

O evento foi sugerido pelos deputados Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Luiz Carlos Setim (DEM-PR), Valdir Colatto (PMDB-SC), Afonso Hamm (PP-RS) e Celso Maldaner (PMDB-SC). A conferência está marcada para as 14h30, no plenário 6.

Foram convidados para o debate:
- o chefe da Divisão de Culturas Permanentes do Ministério da Agricultura, Gustavo Henrique Araújo;
- o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Ministério da Agricultura, Maçao Tadano;
- o auditor-fiscal da Receita Federal do Brasil Marcelo Fisch Menezes;
- o prefeito de Salgado Filho (PR), Beto Arisi;
- o presidente do Sindicato da Indústria do Vinho do Estado de Santa Catarina, Celso Panceri;
- a presidente da Associação Caminho do Vinho - Colônia Mergulhão (Acavim) de São José dos Pinhais (PR), Rosana Juliatto Pissaia;
- o presidente da Associação das Indústrias Caseiras de Vinho de Catuípe (RS), Joaquim Lorenzoni;
- representantes dos ministérios do Desenvolvimento Agrário; e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A PIRATARIA CHINESA CHEGA AOS VINHOS DE BORDEAUX

Raquel Villaécija/ Paris


Suas bolsas Vuitton são gêmeas genuínas, seus lenços réplicas exatas do original Dior e os perfumes são de tal forma que o nariz humano é incapaz de discernir entre o bom e o ruim.

Não há nada que resista aos piratas chineses, até mesmo os paladares.

Os reis do plágio perfeito, deram um passo na arte da cópia e começaram a comercialização dos vinhos franceses de Bordeaux fabricados na China.
Produtores gauleses estão alarmados com a tendência cada vez mais difundida. "A garrafa é perfeitamente imitada, há apenas diferenças quase imperceptíveis na forma do vidro e da ausência de uma faixa de ouro no logotipo. Mas os textos, literatura e etiqueta traseira são absolutamente idênticas ", disse Hervé Grandeau, vítima de plágio, ao jornal Le Parisien.

Seu vinho, o Château Lauduc tem réplicas nas prateleiras dos supermercados, em Pequim. Ainda de acordo com o produtor e presidente do sindicato dos melhores Bordeaux e se é verdade que a garrafa é a mesma, o conteúdo não tem cor. "O vinho é de muito má qualidade e é bem visível ao paladar", diz o francês.

METADE DO PREÇO

A outra diferença entre as duas garrafas está no preço. Se o original é vendido a 200 yuans, o dobro pode ser adquirido por apenas 80.

Esta concorrência desleal está prejudicando seriamente os produtores e a Grandeau, que exporta seus vinhos para a China desde 2007, diz que viu o número de vendas cair nos últimos meses.

Seus vinhos não estão sozinhos. Outras grandes colheitas de Bordeaux, incluindo Château Lafite Rothschild, Mouton Rothschild e/ou da Borgogna, eles também têm seus dublês no mercado asiático.

Tal como acontece com o mercado de moda de luxo, os Reserva são os grandes favoritos da fraude, mas mesmo os de outro nível como Mouton Cadet ou Castel, não conseguem escapar do crime.

Exemplares vendidos em lojas de varejo e lojas, mas também em grandes restaurantes. Os produtores dessas regiões estão tentando lutar contra esta concorrência tentando aperfeiçoar as etiquetas para os tornar mais identificáveis e poder alertar os consumidores que apreciam cada vez mais os vinhos importados.

De fato, a China já está entre os 10 maiores produtores mundiais de vinho e é esperado um aumento no consumo de 20% nos próximos três anos. Segundo a Vinexpo, que organiza as feiras internacionais mais importantes, a produção de vinhos no país também aumentará em 77% até 2014.
O problema, dizem os produtores, é que embora os consumidores asiáticos sejam grandes amantes do vinho, não são especialistas, tornando-se incapazes de distinguir entre um grande reserva e uma cópia vulgar.

domingo, 5 de junho de 2011

Preço e rótulo do vinho podem enganar sommeliers, diz estudo

Folha de SP


A crítica de vinhos, com seu vocabulário pomposo e sofisticado sistema de notas de zero a cem, não é, em termos objetivos, muito mais do que uma fraude. Essa pelo menos é a conclusão a que se chega quando revisamos os testes científicos a que a indústria da enofilia foi submetida nas últimas décadas. Em 1963, Rose Marie Pangborn, uma das pioneiras nos estudos da percepção do gosto, mostrou que, quando se adicionava um pouco de corante para que vinho branco ficasse rosado, especialistas classificavam o falso rosé como mais doce do que a mesma bebida sem a tintura.

Com esse experimento, ela abriu as porteiras para uma série de testes que, se não destroem inteiramente a reputação da enologia, mas chegam muito perto de fazê-lo. Um clássico no gênero é o artigo "A Cor dos Odores", de Gil Morrot, Fréderic Brochet e Denis Duburdieu. Eles recrutaram 54 estudantes de enologia da Universidade de Bordeaux e os convidaram a provar e a comentar duas taças de vinho, que pareciam ser um branco e um tinto. Na realidade, porém, ambos os copos continham o mesmíssimo vinho branco, mas, num deles, havia sido adicionado antocianino, um corante que não deixa gosto. Como prognosticado pelos cientistas, os estudantes não perceberam o truque e ainda descreveram com riqueza de detalhes os aromas de cada uma das amostras com o vocabulário específico para as uvas vermelhas e brancas.



Num outro experimento, Brochet resolveu ir ainda mais longe e serviu um Bordeaux que engarrafou com dois rótulos distintos: "grand cru" (vinho de excelência) e "vin de table" (vinho mais pobre). Como esperado, os especialistas deram avaliações muito diferentes a cada uma das amostras. O "grand cru" foi considerado "agradável, amadeirado, complexo, balanceado e arredondado", enquanto o "vin de table" lhes pareceu "fraco, curto, leve e achatado". Quarenta dos especialistas julgaram que o vinho de rótulo pomposo valia o investimento; apenas 12 disseram o mesmo da bebida barata. Um vinho de US$ 10 melhora substancialmente quando é etiquetado como uma garrafa de US$ 90.

Outro estudo seminal, de Gregg Salomon, de Harvard (EUA), mostrou que, quando se oferecem a especialistas três taças de vinho, duas das quais são idênticas, eles são incapazes de apontar a amostra diferente em um terço das tentativas. Em termos objetivos, o paladar humano só detecta cinco sabores: doce, salgado, azedo, amargo e umami. É verdade que, no caso do vinho, as sensações gustativas são enriquecidas por algo entre 600 e 800 compostos voláteis que podem ser captados pelo olfato.

O problema é que, mesmo os narizes mais bem treinados não conseguem identificar mais do que quatro componentes na mesma mistura. O cérebro não entrega os pontos e se fia em pistas externas como cor, rótulo e preço para emitir seus pareceres enológicos. Não fossem os cientistas desmancha-prazeres, ele provavelmente teria sucesso e o logro não seria descoberto nem pelo "sommelier" que prova as sensações como reais e objetivas. As inconsistências na percepção dos sabores não estão restritas ao ramo vinícola. Já foi demonstrado que podemos nos deleitar com comida de cachorro como se fosse patê de "foie gras".


A Associação Brasileira de Sommeliers diz que as pesquisas são irrefutáveis e que os especialistas em vinhos são mesmo influenciados pelo rótulo e pela procedência. "Ninguém tem coragem de falar mal de um vinho famoso. Somos induzidos, sim", diz o diretor Arthur Azevedo.

Por: Hélio Schwartsman

sexta-feira, 3 de junho de 2011

VINHO E COMIDA JAPONESA

Voltando depois de um longo período de entressafra, resolvi retomar o assunto “harmonização”.

Em homenagem ao grande amigo de origem nipônica e chefe de cozinha Fabiano Suzuki, vou falar de comida japonesa e vinho. O assunto é delicado, mas palatável!
A cozinha japonesa, de aparência leve e saudável, traz armadilhas que podemos ignorar por subestimar seus poderes: os sabores avinagrados das conservas ou os sabores picantes, que chegam a nos tirar lágrimas, às vezes.

Para um amante de vinho, a japonesa é a cozinha mais complicada entre as cozinhas asiáticas por conta de seus sabores. Obviamente, o saquê é a melhor opção para acompanhar as iguarias cruas, fritas, em conserva ou com molhos fortíssimos, mas para quem quer um fermentado de uvas, seguem algumas sugestões abaixo.

A comida japonesa exige sempre os melhores e mais frescos ingredientes e preza por manter e realçar seus sabores, cores e texturas cozinhando tão rápido quanto possível, ou mantendo cru. Outras técnicas básicas usadas são o grelhar, pochear ou colocar em conserva.

A base de sua cozinha continua sendo o arroz (com seus grãos levemente pegajosos e, quase imperceptivelmente, adocicados), seguido por peixe e hortaliças em abundância. Os laticínios e a carne vermelha eram quase inexistentes até o final do século passado.
Já que o arroz também dá vida ao saquê, ele era servido mais para o final da refeição, para que não ficasse redundante e o comensal pudesse beber um pouco mais(de saquê) durante a refeição.
A sopa (quase sempre de missô), o peixe, os vegetais crus (ou semi), talvez uma ave ou uma carne ou apenas uma massa cozida e servida quente dentro da sopa ou até fria nos dias de verão.

Este é um “arroz com feijão” japonês – sortido, colorido e saudável.

Aparentemente sem perigo para um vinho, alguns ingredientes podem derrotá-lo facilmente, pois os molhos japoneses não são nada suaves. Shoyus claros e escuros (lembrando do impacto do sal no vinho), ameixas amargas (que são realmente MUITO amargas), cítricos ligeira e tendenciosamente amargos (como uma lima),gengibre, nabo, rabanete, o suave vinagre de arroz, o próprio missô e a nada desimportante e poderosíssima wasabi (raiz forte) que se usada de forma excessiva, derrota qualquer tentativa de harmonização.

A vantagem é que cada sabor é pronunciado e percebido. Um vinho de boa acidez é indicado por conta dos sabores cítricos e avinagrados em geral, nos carregando para o lado dos brancos, com freqüência. Por ser uma comida leve, os brancos mais leves e de médio corpo seriam mais indicados e os de sabor intenso, encorpados harmonizam com os temperos e molhos. Evitem vinhos que tenham passado por barricas de carvalho (que tenham essa passagem marcada no vinho de forma acentuada).

Como sou fã, começo indicando um Riesling, principalmente os alemães e os da Alsácia, além deles, um bom espumante tradicional bem seco também pode acertar e um Sauvignon Blanc do Novo Mundo também cai muito bem.

Grande abraço!