sexta-feira, 8 de julho de 2011

Baixa na Adega

AMAYNA PINOT NOIR 2007

Para quem ainda não sabe, a Pinot Noir é de origem francesa e tem na Bourgogne a sua mais famosa e, na minha humilde opinião, mais elegante apresentação, embora outros países e regiões a produzam de forma muito honesta e com boa relação custo/benefício.

Assim vejo alguns Pinots dos EUA e da Patagônia argentina (gosto muito do Pinot das Bodegas Del Fin Del Mundo), mas hoje falaremos do presente que tomei da minha adega e foi uma surpresa muito boa: Amayna Pinot Noir 2007, da Viña Garcés Silva, localizada do Vale Leyda – Chile.
Não vou me estender em um monte de tratados técnicos. Para começar, ele não apresenta a mineralidade dos borgonheses, tendo muita fruta sobremadura, algo de compota de ameixas no final da boca, boa persistência e uma elegância dignas da Pinot. Seus 14,5° de álcool oferecem muita estrutura aos seus taninos macios dando um toque aveludado na entrada.

Somando sua estrutura, persistência, quantidade de álcool e taninos e elegância, sem dúvidas é um vinho para acompanhar carnes com sabores fortes, grelhadas e ou com molhos densos, assados ou um bom ragú de carne.

Quaisquer informações extras que queiram sobre a uva, regiões ou harmonizações, postem um comentário que ficarei feliz em responder.
Obrigado e aproveitem.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O voraz mercado americano de vinhos

CARLOS PIRES DE MIRANDA (jornal do comércio)




Faz tempo, mas quem já passou dos 40 anos deve se lembrar daquelas garrafas azuis, contendo vinhos adocicados, que tanto sucesso fizeram em grandes capitais brasileiras, especialmente ao longo das décadas de 1980 e 1990. O tema mereceu crônicas nesta seção, com registros e fotos do produto, hoje definitivamente sacado das linhas de grandes vinícolas brasileiras. Quem quiser ler pode pedir o texto ao e-mail do colunista.
Pois em duas ensolaradas e calorentas semanas que acabo de cumprir entre West Palm Beach e Naples, lindas praias no Leste e no Oeste da Flórida, reencontrei em supermercados da rede Publix aquelas velhas conhecidas, como mote de lançamento e sustentação de uma ampla linha de Riesling, voltada especialmente ao mercado americano. Senti-me na obrigação de fotografar as famosas azuis em nova fase e o resultado está logo acima (à direita na foto).

Vamos combinar que há bons brancos alemães em garrafas comuns. Mas se o marketing da garrafa azul vingou no Brasil há mais de 20 anos, parece que agora ocorre tentativa semelhante nos Estados Unidos. A Schmitt Sohne é uma grande importadora de vinhos do Mosel, que os distribui em vários estados americanos. As garrafas azuis são sua marca registrada - nada menos do que quatro rótulos de Riesling alemão são nelas comercializados. Tem Qualitatiswein, Kabinett, Spatlese e Auslese, ao custo médio de US$ 9,99 cada.
Esse mesmo preço é atribuído ao Marcus James, mas não se trata do conhecido vinho da Aurora. A vinícola brasileira deixou de fornecer o produto aos americanos há 15 anos e mantém os direitos da marca no Brasil - no exterior eles pertencem à Constellation, empresa que encomenda esse Cabernet Sauvignon (ao centro da foto) a produtores argentinos.

Bem à esquerda da foto, o mais baratinho desses vinhos: o Merlot Frontera, produzido pela Concha y Toro, está nas gôndolas dos supermercados americanos por modestos US$ 12,00 - quem pagar essa quantia, equivalente a menos de R$ 20,00, leva duas garrafas, um litro e meio de vinho chileno.
Não provei nenhum desses vinhos (precisava?), mas eles servem de amostra da peculiaridade do mercado americano, onde os preços de bons californianos superam o de famosos rótulos europeus e onde o grau de exigência do consumidor médio não difere muito do que se vê no Brasil. Com uma diferença: lá, eles aprenderam a valorizar bons vinhos nacionais. Aqui, vamos tentando.