terça-feira, 11 de outubro de 2011

Vinho barato pode ser um vinho bom?

Reportagem da revista Bon Vivant:

Estar diante de uma grande diversidade de vinhos, de diferentes origens e preços, é sempre uma desafio para quem quer comprar e acertar na relação qualidade e preço. Foi isso que a Confraria Bon Vivant propôs a seus membros na degustação desta edição. E, para tanto, não buscamos profissionais em elaboração ou avaliação de vinhos como enólogos ou sommeliers, mas jornalistas e consumidores que tiveram o desafio de provar, às cegas, 17 vinhos nacionais e estrangeiros comprados no mercado por menos de R$ 15. A degustação aconteceu em Porto Alegre, na Escola do Vinho da Miolo.


Compramos os produtos em dois hipermercados (Zaffari e Big) de Caxias do Sul – RS, na Serra Gaúcha, escolhendo pelo rótulo, variedade e preço. Entre os escolhidos deveriam estar tintos brasileiros e importados. Tivemos o cuidado de não incluir rótulos estrangeiros que produzem vinhos demi-sec – com médio teor de açúcar – e só informam no contra-rótulo. No carrinho do supermercado organizamos vinhos brazucas, uruguaios, chilenos, argentinos, portugueses e um francês. O mais barato custou R$ 9,50 e, o mais caro, R$ 14,98.


Resultados
Os resultados desta experiência segundo nossos convidados: os vinhos nesta faixa de preço não apresentam grandes diferenças entre si. Não possuem defeitos, mas também não têm grandes atributos. Além disso, há ausência de tipicidade em grande parte das amostras, ou seja, um Merlot pode ser confundido com um Cabernet Sauvignon e vice-versa. Diante desses resultados, fica a pergunta: é possível fazer um vinho bom e barato? É possível elaborar um vinho honesto, sem exagerar na tecnologia, o qual seja possível bebê-lo no dia a dia e sentir prazer?



Os degustadores
Bianka Nieckel – jornalista
Guilherme Franczak – Enófilo e advogado
Irineu Guarnier Filho - jornalista
Ivo Czamanski - cineasta
José Armando Paschoal - publicitário
Jorge Franco - jornalista
Maria Amélia Duarte Flores - enóloga
Mauricio Rolloff - jornalista
Marcelo Drago - jornalista
Rafael Barcelos - marketing e eventos

Tabela de notas
Um excelente vinho: de 90 a 100 pontos
Um vinho muito bom: de 85 a 89 pontos
Um vinho bom: de 80 a 84 pontos
Um vinho razoável: de 70 a 79 pontos


Vinho bom x vinho barato
É possível fazer um vinho bom e barato? Um vinho honesto, o qual seja possível bebê-lo no dia a dia e sentir prazer? A pergunta foi feita a especialistas em enologia. Segundo eles, sim, um vinho pode ser bom e barato, mas é fundamental que o vitivinicultor invista na qualidade da matéria-prima. Se a uva é de qualidade pode-se obter um vinho bem feito, sem defeitos tecnológicos. No entanto, o que acontece, muitas vezes, é que quando a uva não tem tanta qualidade faz-se uso de mais tecnologia do que enologia no vinho. Por exemplo, se não tem muita cor mistura-se outro vinho, um pouco mais intenso em cor, mesmo que não seja muito bom. Se o vinho for áspero, tânico, amargo no final de boca, acrescenta-se açúcar dentro do limite legal, obtendo-se um vinho adocicado. Assim, tem-se um vinho barato cuja qualidade pode não ser o seu forte. Sobre falta de tipicidade: a legislação permite que um vinho varietal seja feito com uma mistura de outros vinhos. Por exemplo, num Merlot pode-se adicionar até ¼ em volume de outro vinho e mesmo assim chamá-lo de Merlot. Assim, perde-se a tipicidade do produto.


Também é possível oferecer um produto bom e barato quando o vinicultor tem uma produção limitada e não invista em insumos que encareçam o vinho, como, por exemplo, rolhas e cápsulas de qualidade. Também não deve ter muitos investimentos em tecnologia, pois tudo isso, somado aos altos impostos no Brasil, encarece o vinho.


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Câmara Cascudo e a história da alimentação

7 de outubro de 2011|


Por Janaina Fidalgo

A partir da próxima sexta-feira, o Sesc Carmo receberá chefs e professores de gastronomia, em oito encontros, para falar dos aspectos históricos, culturais e sociais descritos por Câmara Cascudo em História da Alimentação no Brasil.

Pitadas de Sabores e Alimentos do Brasil começa com a chef Carla Pernambuco, do Carlota, que na próxima quinta (dia 14), às 19h, fará um prato com ingredientes das cozinhas indígena, portuguesa e africana. Depois, a programação segue, na outra quinta (dia 20), às 19h, com o Banquete dos Orixás. Tereza Paim, do Terreiro Bahia, fará um prato com azeite de dendê e outros ingredientes de origem africana. No mesmo dia, o sociólogo Reginaldo Prandi falará sobre as influências africanas na alimentação brasileira.

Na semana seguinte, dia 27, às 19h, o professor da Universidade Anhembi-Morumbi Ricardo Maranhão dará uma palestra sobre as influências indígenas na alimentação brasileira, em Caciques do Brasil. Em novembro (dia 3), às 19h, a historiadora Wanessa Asfora discute a influência dos alimentos portugueses no Brasil. Dia 10, a programação com uma aula sobre alimentos populares dada pela antropóloga Paula Pinto e Silva, autora de Farinha, Feijão e Carne Seca – Um Tripé Culinário no Brasil Colonial. No mesmo dia, Rodrigo Oliveira, do Mocotó, prepara um prato com farinha, feijão e carne-seca.

A programação, que segue até o dia 1º de dezembro, tem ainda uma exposição sobre as viagens de Cascudo, uma mostra fotográfica com pratos da cozinha brasileira e intervenções musicais.

Pitadas de Sabores e Alimentos do Brasil – Homenagem a Câmara Cascudo
Sesc Carmo (R. do Carmo, 147, 3111-7000), de 14/10 a 1º/12

A primeira D.O. do Brasil

Por sommelierprofissional (Alexandra Corvo)

Abaixo reproduzo o texto oficial para a DO Vale dos Vinhedos.
Abaixo o mapa da região, com a D O em cor rosa. Depois, o mapa da região demarcada.





Produção vitícola:
- As uvas deverão ser totalmente produzidas na região delimitada pela I.G. e conduzidas em espaldeira. - A irrigação e o cultivo protegido não são autorizados. A colheita é feita manualmente.

Cultivares autorizadas:
- Tintas: Merlot, como cultivar emblemática e Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Tannat como variedades complementares.
- Brancas: Chardonnay como cultivar principal e Riesling Itálico como variedade complementar.
- Para espumantes (brancos e rosados): Chardonnay e/ou Pinot Noir como variedades principais e Riesling Itálico como variedade auxiliar

Limites de produtividade:
- Para uvas tintas: 10 toneladas/ha ou 2,5 kg de uva por planta.
- Para uvas brancas: 10 toneladas/ha ou 3 kg de uva por planta.
- Para uvas a serem utilizadas na elaboração de espumantes: 12 toneladas/ha ou 4 kg de uva por planta.

Produtos autorizados:
Vinhos tintos
- Varietal Merlot: Mínimo de 85% da variedade.
- Assemblage Tinto: Mínimo de 60% de Merlot, podendo ser complementado pelas demais variedades autorizadas (Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Tannat).
- A comercialização somente poderá ser realizada após um período de 12 meses de envelhecimento.
Vinhos Brancos
- Varietal Chardonnay: Mínimo de 85% da variedade.
- Assemblage Branco: Mínimo de 60% de Chardonnay, podendo ser complementado por Riesling Itálico.
- A comercialização somente poderá ser realizada após um período de seis meses de envelhecimento.
Espumantes
- Base Espumante: Mínimo de 60% de Chardonnay e/ou Pinot Noir, podendo ser complementado por Riesling Itálico.
- Elaboração somente pelo Método Tradicional (champenoise).
- O processo de tomada de espuma deverá durar no mínimo nove meses.
No rótulo deve constar os termos” brut” ( até 15 g/l açúcar) ; extra-brut (até 5 g/l ) e os nature (zero g/l açúcar)

Outras normas:
- A chaptalização e a concentração dos mostos não serão permitidas.Em anos excepcionais o Conselho Regulador da Aprovale poderá permitir o enriquecimento em até um grau.
- Poderá haver a passagem dos vinhos por barris de carvalho, não sendo autorizados “chips”e lascas ou pedaços de madeira.

Processo de rastreabilidade:
A Aprovale possui um Conselho Regulador responsável pelo regulamento de uso da Indicação Geográfica do Vale dos Vinhedos. Cabe a este conselho fazer o controle e fiscalização dos padrões exigidos pela normativa da atual I.P. e da futura D.O.
O Conselho Regulador mantém cadastro atualizado das vinícolas solicitantes da certificação e utiliza informações do Cadastro Vitícola do Ministério da Agricultura, coordenado pela Embrapa Uva e Vinho, para determinar a origem da matéria-prima.
Para controle da certificação são utilizadas as declarações de colheita de uva e de produtos elaborados, a partir das quais retira as amostras para análises físico-químicas, organolépticas e testemunhais. Estas amostras são lacradas e codificadas. Essa sistemática permite a rastreabilidade dos produtos.

Padrões de identidade:
Os produtos somente recebem o certificado após comprovada a origem da matéria-prima. 100% da uva deve ser procedente da área demarcada. Os vinhos também precisam ser aprovados nas análises físico-químicas e na avaliação sensorial (degustação às cegas), realizada pelo Comitê de Degustação, composto por técnicos da Embrapa, associados da Aprovale e da Associação Brasileira de Enologia.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Vinho e mulheres - SAÚDE

Do UOL Ciência e Saúde
03/10/2011
Substância encontrada no vinho tinto teria capacidade de acabar com câncer de mama, aponta estudo.


A pesquisa descobriu que o crescimento de células de câncer de mama era reduzido quando eram tratadas com o ingrediente natural

A pesquisa descobriu que o crescimento de células de câncer de mama era reduzido quando eram tratadas com o ingrediente natural

Uma substância química encontrada no vinho tinto pode parar o câncer de mama, de acordo com uma nova pesquisa. Os testes em laboratório mostraram que o resveratrol, encontrado na casca da uva, poderia impedir o desenvolvimento da doença, bloqueando os efeitos do hormônio estrógeno.

Os cientistas disseram que a descoberta, publicada na revista Faseb, tem importantes implicações para o tratamento de pacientes. Sebastiano Ando, da Universidade de Calabria, na Itália, afirma: "Resveratrol é um potencial fármaco que pode ser explorado quando o câncer de mama se torna resistente à terapia hormonal."

A substância química também é encontrada em blueberries, amendoins e cranberries.

O resveratrol bloqueia o caminho do estrogênio ao combinar com o DNA no corpo da mulher para espalhar células tumorais, transformando-as em malignas.

A pesquisa descobriu que o crescimento de células de câncer de mama era reduzido drasticamente quando eram tratadas com o ingrediente natural, enquanto nenhuma alteração foi observada nas células que não foram tratadas.

Outros experimentos revelaram que o efeito estava relacionado a uma redução nos níveis de receptor de estrogênio causada pelo próprio resveratrol.

Ainda que a descoberta possa ajudar muitas pessoas, o médico e editor-chefe da revista Faseb, Gerald Weissman, aponta que de maneira alguma as pessoas devem sair e começar a usar vinho tinto ou outros suplementos para tratar o câncer de mama.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Mais de 40 comunas de Beaujolais perderam o direito de rotular seus vinhos como de Borgonha

Revista ADEGA 5/Outubro/2011

Depois de um processo de três anos, o INAO, corpo que controla as denominações de origem da França, decidiu no último dia 28 redesenhar as zonas geográficas do país. Com isso, quarenta e três comunas da região de Beaujolais perderam o direito de chamar seus vinhos brancos de AOC Bourgogne Blanc, e em vez disso, usarão AOC Beaujolais Blanc, denominação mais básica usada por 2% dos vinhos.
Apesar dos produtores de Beaujolais terem tido o direito de rotular seus vinhos como de Borgonha desde 1937, isso tem sido uma forte disputa entre as duas regiões.
Os vinicultores de Borgonha têm feito campanhas para restrições mais severas, particularmente com a produção de vinho branco.
AOC Bourgogne Aligote ainda existe como uma denominação, e duas novas foram criadas: AOC Coteaux Bourguignon e AOC Bourgogne Gamay.
O INAO baseou suas decisões em comunas que deveriam ser incluídas em razão do terroir e da longevidade. Vilarejos de renome como Fleurie e Morgon não foram afetados.