sábado, 7 de março de 2009

VINHO SEM FRESCURA


O vinho tem, dentro do seu "espírito", uma carga histórica e cultural que vem desde muito tempo antes de Cristo, fazendo parte do desenrolar da evolução da civilização.
Isso, para pessoas que pensam que o vinho é sinônimo de status, é um ponto de criação para uma pomposidade e uma arrogância sem limites, que deságua em um profissional de vinho maltratado ou um garçom humilhado dentro de um restaurante.
O vinho é uma bebida que requer sim, um cuidado e uma destreza singulares em seu serviço, mas acima de tudo simplicidade e rapidez.
Essas pessoas que acreditam saber muito além do que qualquer mortal, às vezes, do alto da sua arrogância, criam situações hilariantes dentro de um ambiente. Uma vez, um casal chegou a um restaurante muito conhecido (ao que parecia, o rapaz tentava conquistar a moça), escolheu uma mesa e, com muita propriedade, o rapaz começou a escolher o vinho para acompanhar o jantar. Ele, para impressionar a moça, escolheu pelo preço que estava em torno de R$500,oo a garrafa. Quando o garçom abriu, serviu o vinho (que poderia ser só uma sangria que daria na mesma, ou um ponche, que ele não perceberia a diferença) e se retirou, o cliente, com toda a sua prepotência chama o rapaz de volta em voz alta e pergunta como se fosse uma constante em serviço de vinho: "Meu querido, onde está a coca-cola para que eu misture ao vinho?"
Coisas desse tipo poderiam ser evitadas se os "enochatos" de plantão deixassem que os profissionais fizessem seu trabalho de forma tranquila. Há que se admitir, que muitos garçons e maitres, não têm habilidade, ou conhecimento para fazê-lo, mas se a frescura fosse abolida, o serviço de vinho poderia evoluir muito no Brasil.
Em algumas situações me sinto pouco à vontade para dizer que sou sommelier, pois isso acarreta reações de "que saco! deve ser um chato".
A nossa profissão, é uma profissão como outra qualquer, que é impulsionada sempre pela paixão e pela avidez por conhecimento, pois o vinho é um mutante em constante aperfeiçoamento. Mas a maior parte dos "bebentes" ou candidatos a enófilos, antes de conhecerem a bebida, conhecem a frescura que pensam estar junto da bebida.
Eu convido a todos a participarem de uma reflexão: Ainda hoje, em alguns lagares, a uva é macerada por pés de pessoas tão simples quanto o garçom que abre sua garrafa, ou o ser humano que arranca a cortiça da árvore. Ou vocês acham que estes homens e mulheres desfilam em Ferraris, Porshes e em iates luxuosos em Saint Tropez?
Frescura no vinho? Só em espumantes, brancos e rosés.
Ricardo Andreatta

3 comentários:

  1. Olá, Ricardo.
    O que um leigo precisa saber ao pedir um vinho, ou melhor, como saber se aquele vinho indicado por um Sommelier é o correto para a ocasião?
    Luciana.

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  2. Luciana, normalmente o sommelier tem conhecimento bastante para que você possa confiar em sua indicação, mas saber se é o vinho certo ou não, requer um pouquinho de "litragem" , ou seja você precisa beber e ver aquilo que mais agrada o seu paladar em cada momento, pois o melhor vinho, é o que você gosta! Abraço, Ricardo

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