sexta-feira, 30 de março de 2012

SALVAGUARDA VAI ATRAPALHAR MERCADO

"D.O.M." tira vinhos nacionais de sua carta

"Nesta quarta-feira pela manhã, a sommelière Gabriela Monteleone, responsável pelos vinhos dos restaurantes D.O.M. e Dalva e Dito, em São Paulo, comunicou a Carlos Paviani, diretor-executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) que está retirando todos os vinhos brasileiros das cartas das duas casas. Ao todo, são 20 rótulos diferentes. A ação foi definida em conjunto com Alex Atala, o chef brasileiro de maior prestígio internacional. Na avaliação do restaurante, não basta apenas deixar de trabalhar com os vinhos das vinícolas que apóiam a salvaguarda.

"As pessoas não imaginam como é difícil vender vinhos brasileiros. Muitas vezes, fazemos um grande trabalho de convencimento do cliente para ele aceitar um vinho brasileiro", afirma Gabriela. E agora, na avaliação de Gabriela e de Atala, a salvaguarda está colocando a perder todo o trabalho pela imagem do bom vinho fino brasileiro.

No final do dia, foi a vez de Paviani conversar com os membros da Associação Brasileira de Sommeliers em São Paulo (ABS-SP). Antes da reunião, Mario Telles Júnior, diretor da entidade, disse para a Menu que a ideia era mostrar para o Ibravin que a salvaguarda protege a indústria gaúcha do vinho ao mesmo tempo em que prejudica, e muito, o setor de serviços que trabalha com o vinho, inclusive o brasileiro, em todo o Brasil. "Antes da abertura de mercado e da chegada dos diversos rótulos de vinhos importados, o Brasil não contava com o sommelier profissional, não tinha todos os empregos gerados pelas importadoras, os restaurantes não tinham carta de vinhos completas", afirma o diretor da ABS-SP. As cotas para a importação de vinhos – que devem ser implementadas se a salvaguarda for aprovada – devem diminuir o mercado de vinhos, a diversidade de rótulos presentes no mercado brasileiro e, assim, impactar em todo o setor ligado ao vinho, na avaliação da ABS.

Com a reunião na ABS-SP, Paviani e equipe encerram o ciclo de conversas que mantiveram, no Rio de Janeiro e em São Paulo, com chefs, jornalistas e representantes de vinícolas. A ideia da Ibravin foi visitar, entre segunda e quarta-feira, os formadores de opinião para esclarecer sobre a salvaguarda e as razões que levam a entidade, junto com a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), a Federação das Cooperativas do Vinho (Fecovinho) e o Sindicato da Indústria do Vinho do Estado do Rio Grande do Sul (Sindivinho) a pedir as proteções ao governo federal.

O principal ponto do Ibravin é mostrar que as medidas da salvaguarda não prevêem o aumento de impostos do vinho importado. "A salvaguarda é uma defesa comercial legítima", afirma Paviani. Pela legislação, a salvaguarda permite dois caminhos – o aumento de impostos para até 55% ou a criação de cotas por países. Como as alíquotas de importação para o vinho chileno foram zeradas, a única medida possível no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) são as cotas. Aqui, a questão é que a cota pode (e deve) trazer um aumento do preço de vinho para o consumidor, resultado da lei da oferta e da procura.

Outra ponderação de Paviani é que o Ibravin não está pedindo aumento de impostos. Segundo ele, na quinta-feira passada, dia 23 de março, uma reunião definiu que, com o início do processo de salvaguarda, não tem cabimento o setor também pleitear a elevação da TEC (Tarifa Externa Comum) do Mercosul. Explica-se: por consulta do Ministério da Agricultura, o setor tem até a primeira semana de abril para informar se quer ou não entrar na lista de produtos de exceção do Mercosul, o que significa elevar os impostos de importação para até 55%. "Depois da salvaguarda, este assunto morreu", garante Paviani.

E aqui uma correção – em reportagem sobre o tema na edição de abril da revista Menu (que está em gráfica), está escrito que Paviani apóia também o aumento destas tarifas. Na conversa de ontem, com a reportagem da Menu, ele esclareceu que quando confirmou que o setor tinha recebido a consulta e dito sim, o processo de salvaguarda ainda não tinha sido aceito pelo governo. Com a salvaguarda, este aumento de impostos foi arquivado, segundo ele. E as entidades que representam o vinho não vão protocolar o pedido para que o vinho seja uma das exceções da TEC. A conferir."

Fonte:
http://revistamenu.terra.com.br/2012/03/29/d-o-m-tira-vinhos-nacionais-de-sua-carta/

"ENOGASTRONOMIA FASANO TAMBEM TIRA VINHOS NACIONAIS DA CARTA"

"Manoel Beato, um dos mais conceituados sommeliers do Brasil, decidiu também tirar os vinhos brasileiros das cartas dos dez restaurantes do grupo Fasano. Os rótulos nacionais vão saindo das adegas das casas de Rogério Fasano conforme as cartas de cada restaurante forem sendo refeitas nos próximos meses. "Não vou mudar a carta agora, mas conforme os vinhos forem acabando, não vamos comprar mais. E nas novas cartas não teremos vinhos brasileiros", afirma Beato.

O sommelier tomou a decisão de tirar todos os vinhos brasileiros das cartas como forma de pressionar a Ibravin e demais associações que apóiam a salvaguarda a desistirem do projeto. "Sei que a medida é forte, pela imagem do Fasano, mas é como conseguimos reagir ao projeto de limitar a diversidade do vinho", diz Beato. "A salvaguarda é um retrocesso, em um momento em que a imagem de qualidade do vinho brasileiro está crescendo", acrescenta. Dos mais de 350 rótulos da carta do Fasano, os brasileiros representam 10 rótulos – é um volume pequeno, mas importante para a imagem de qualidade do vinho nacional.

Mais: Beato é um sommelier conhecido por valorizar a produção nacional. Não raro, ele coloca tintos brasileiros em provas às cegas com grandes marcas européias para clientes e enófilos. São sempre vinhos que ele provou, gostou e se surpreendeu. E faz um trabalho importante para diminuir (ou acabar) com o preconceito de muitos consumidores com os vinhos elaborados em nosso país.

Além do Fasano, várias casas de alta gastronomia anunciaram que estão tirando os vinhos das vinícolas brasileiras que apóiam a salvaguarda de suas adegas. Roberta Sudbrack, Claude Troisgros e Felipe Bronze, no Rio de Janeiro, e a Tasca da Esquina, em São Paulo, são os principais. Ontem, o D.O.M. e o Dalva e Dito, em São Paulo, anunciaram que estão tirando todos os rótulos, e não apenas os das vinícolas que apóiam a salvaguarda, de suas cartas."

Fonte:
http://revistamenu.terra.com.br/2012/03/29/fasano-tambem-tira-vinhos-nacionais-de-sua-carta/



VERGONHA
Quem sabe, a solução não seja a redução de impostos e custos de produção dos vinhos nacionais, para que possam competir com os importados? Apoio a decisão e penso que todos os restaurantes brasileiros deveriam aderir à ação, como meio de mostrar indignação!
Ricardo

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